sábado, 30 de abril de 2011

terça-feira, 19 de abril de 2011

Páscoa – sentido de vida, vitória de Deus, renovar da esperança!

Compartilho com você um texto que preparei para o Editorial de Páscoa do Jornal Evangélico Luterano em 2008, onde recontamos a história sempre nova da Cruz na perspectiva de Maria, esta grande mulher, mãe de Jesus.

Páscoa – sentido de vida, vitória de Deus, renovar da esperança!

Desde o dia em que soubemos que Jesus, o filho de Deus, seria acolhido por nós, soubemos que daquele dia em diante nossa vida, minha e a de José, nunca mais seria a mesma. Em cada circunstância de nossa vida, percebíamos que Deus não nos abandonava. Desde o momento em que nos foi anunciada sua vinda, seu nascimento, sendo que já havia quem o perseguisse, notávamos que Deus ia dirigindo nossos passos. Através dos momentos alegres e dolorosos de que está cheia a vida, Ele ia nos conduzindo.

 Talvez para algumas pessoas, nossa vida poderia parecer uma descensão: ter que acolher o filho de Deus, protegê-lo, acompanhá-lo, servi-lo e amá-lo, ainda mudar frequentemente de lugar. Logo nós, pobres e sem instrução. Estaria mentindo se dissesse que nunca sentimos medo, mas o Senhor sempre esteve a nossa frente nos fortalecendo. E na medida em que passavam os anos, percebíamos em nossa vida e na vida de outras pessoas, um fenômeno inverso: do menor para o maior.

Os anos foram passando, Jesus foi crescendo e inicia seu ministério. Ele não quis servir sozinho, cativa homens e mulheres para ajudá-lo. Jesus assume a vida assim como ela se apresenta e tudo o que é autenticamente humano aparece nele: alegria, bondade, tristeza, decepção, dor, solidão, pobreza, fome, sede, compaixão e saudade. Em nenhum momento evitou as conseqüências de sua missão. Sua atitude fundamental, que manteve coerentemente até o fim, consistiu em ser-para-os-outros. Ele viveu pouco tempo neste mundo, mas viveu de forma tão intensa, que tenho certeza, ecoará ao longo dos séculos, das gerações futuras.

Jesus entendeu a vida como dádiva, renúncia e doação em favor das outras pessoas. Se entendemos a morte enquanto uma realidade que faz parte da própria estrutura da vida, que se desgasta, se esvazia e morre progressivamente, segundo a qual, a morte, dessa forma representa a chance de aceitar livremente a mortalidade da vida e de se abrir para Aquele que é maior de que a morte, então a vida de Jesus nada mais foi do que um aceitar permanente, irrestrito e corajoso da morte. Em uma só frase poderíamos dizer: Ele era totalmente vazio de si para poder ser cheio dos outros e de Deus.

Toda a vida de Jesus vai revelando um Deus que não veio para classificar as pessoas em boas ou más, porém o Deus que ama a todas, indiscriminadamente. Porque se sabe amado por Deus, Jesus aceita, perdoa e ama, especialmente aquelas pessoas esquecidas pela religião e pela sociedade, até seus inimigos. Não que para Jesus o inimigo fosse um amigo diferente, mas o fundamental reside na coragem para renunciar ao esquema de ódio e de vingança. Pois se odiamos, não crescemos em nossa capacidade de amar e de nos tornarmos aquilo que podemos ser.

Jesus mostra que os critérios da salvação passam pelo âmbito do amor ao próximo. Ensina de que não podemos amar a Deus, se não amamos nosso próximo, seja ele ou ela quem for. Desde seu nascimento,  Deus revela em Cristo, que a vida só faz sentido, na medida em que esta se abre para a outra pessoa, relação na qual Deus mesmo está presente de forma anônima.

Seja gente rica, como gente notoriamente pecadora, estavam sob seu olhar misericordioso e recebendo sua atenção. Mesmo que Jesus não compartilhasse de sua mentalidade,  as visita e provoca mudança. Enfim, sua vida, suas palavras e atitudes explicam o porquê de sua morte. Todos seus valores anunciados provocaram um conflito político, econômico e religioso, do qual resultou sua morte tão violenta.

Nossos corações começaram a ficar apertados, pois a oposição e a inimizade cresciam a olhos vistos. Por fim, somente o grupo de discípulos e discípulas permaneceram com ele. Porém nada disso o paralisou. Permaneceu fiel à sua missão. Jesus não quis nem buscou sua morte. Jesus queria a vinda do reino de Deus. Mas se a verdade, válida para toda a humanidade por ele anunciada resultaria em sua morte, ele a aceitaria. Não porque a buscasse, mas por conseqüência de uma lealdade que é mais forte que a morte.

E assim se fez: Jesus foi traído, preso, condenado, humilhado, agredido física e psicologicamente. Levado ao Calvário, sendo rejeitado por muitos que antes o seguiam e levado a morte. Neste momento, nós que estávamos ali vendo todo aquele horror, sentindo uma dor e tristeza que não cabia em nós, perdemos o chão debaixo de nossos pés. Jesus está ali diante de nossos olhos, esvaído em dor, falta de ar e exaustão, totalmente vazio diante do Mistério. Mais ou menos ao meio-dia o sol parou de brilhar, e uma escuridão cobriu toda a terra até as três horas da tarde. A cortina do Templo se rasgou. E como sempre fez em sua vida, apóia-se em Deus, entrega-se ao Mistério e com confiança clama em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito! E dito isto, expirou. Quando o oficial do exército romano viu o que havia acontecido, deu glória a Deus, dizendo: - de fato, este homem era inocente! E muitos dos que estavam ali, vendo o que havia acontecido, voltavam para casa, batendo no peito em sinal de tristeza.

Nós que estávamos ali um pouco mais distantes, não sabíamos o que fazer, pois a tristeza que sentíamos nos tirava a lucidez. Não poderíamos deixar o corpo de Jesus ali. Foi quando um homem chamado José, da cidade de Arimatéia, vai e pede autorização a Pilatos para sepultar o corpo de Jesus. Desolados voltamos para casa, alguns dos discípulos, movidos pela tristeza e pelo sentimento de que a morte havia vencido, dispersaram-se. No Sábado, como manda a lei descansamos, mas mal víamos a hora de ir para o lugar onde havia sido sepultado. Por isso, no Domingo bem cedo, fomos ao túmulo, pois queríamos cuidar do corpo de Jesus. Porém sentia que aquele Domingo trazia consigo algo de diferente. Um perfume nunca percebido enchia aquele lugar. Vamos ao lugar onde sabíamos que estava o corpo de nosso Senhor e qual não foi a surpresa: a pedra estava removida e dentro da sepultura, nada mais do que panos. Ainda sem saber o que pensar, notamos uma luz que preenchia aquele espaço. De  repente, ouvimos uma voz dizendo: Por que estão procurando entre os mortos Aquele que está vivo?

Que mistério de fé e amor! Não podíamos compreender por forças próprias a grandeza desse acontecimento que o Senhor nos deu a conhecer, e pelo qual queria nossa participação. Só nos restava crer! Só nos restava anunciar seus ensinamentos e viver de acordo com eles, sabendo que Deus jamais nos abandonaria.

Páscoa – realidade de Amor, de ternura, de salvação. Mistério de convivência entre Deus e as pessoas: Deus se aproxima do ser humano de um jeito tão humano, tão frágil, mas ao mesmo tempo, tão forte, tão vitorioso. A Vida triunfou sobre a morte e o Amor sobre o ódio. A dor, o medo, a tristeza não obtiveram a última palavra. Nisso se revelou totalmente quem é Deus, e sua bondade não se deixa vencer por nada; Ele pode transformar a cruz e o sofrimento num sinal de Nova Vida.

Querido leitor! O mesmo também ocorre em nossa vida. Note que são nos momentos mais difíceis que a vida insiste em ressurgir, ressuscitar. Note que são nos momentos mais escuros que Deus nos alcança com a sua Graça. E Deus continua agindo dessa mesma forma na minha e na tua vida. Nossas cruzes, nossos valores egoístas, nossos sentimentos trancados, nossa incapacidade de perdoar, de amar, de nos abrir para o irmão e a irmã, nosso não desejo de viver em comunidade, tudo isso pode ser transformado em uma nova realidade, a partir do amor incondicional de Deus.

Então que nesta Páscoa você possa iniciar algo novo em sua vida, seja pessoal/familiar ou comunitária. Tudo aquilo que em sua vida não deu certo, deixe para trás e veja como você pode viver de agora em diante, iniciando um novo tempo, rompendo com sentimentos e valores que não constroem o Reino pelo qual Jesus viveu, morreu e ressuscitou.

Erga a sua cabeça, alegre-se, renove sua esperança, ame a Deus e as pessoas que estão a sua volta e tenha toda certeza: você encontrará um sentido bem maior para o seu viver. Mesmo que para isso tenha que continuar passando por dificuldades, renunciando, afinal não podemos e nem precisamos ter tudo o que queremos. Deus nos convida a olharmos para o próximo, a “observamos o que Cristo fez por nós, para que saibamos o que fazer pelo irmão”, como já dizia de forma linda Martinho Lutero.

Páscoa é a vida brotando onde tudo parecia estar terminado. Páscoa é esperança, é possibilidade. Páscoa é gente voltando a acreditar em si, na humanidade e em Deus. É um horizonte surgindo onde já não havia expectativa de vida. Essa é a experiência da Páscoa. Muito mais do que experimentar Deus é se deixar experimentar por Ele!

A Cefi te deseja uma abençoada Semana Santa e Páscoa!

 Com muito carinho, Pa. Eliana Weber.

Domingo de Ramos e Convite de Páscoa !



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